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5 coisas que os pais precisam lembrar sobre a puberdade dos filhos

5 coisas que os pais precisam lembrar sobre a puberdade dos filhos

A puberdade é um processo natural de maturação do corpo humano. O termo é comumente confundido com adolescência. Porém, enquanto “puberdade” se refere às transformações biológicas e físicas do corpo, “adolescência” se refere também a questões psicossociais. Como diferencia o Ministério da Saúde, “a puberdade é um parâmetro universal, ocorrendo de maneira semelhante em todos os indivíduos; já a adolescência é um fenômeno singular caracterizado por influências socioculturais”.

A puberdade, então, é parte da adolescência, e juntas representam a transição entre a infância e a vida adulta. Como ressalta a pesquisadora e doutora em educação Maria Cláudia de Oliveira, “as transformações dessa fase da vida fazem com que os adolescentes, muitas vezes, sejam vistos como um grupo estranho ou incompreensível quando observados sob a perspectiva dos adultos.” Portanto, para atravessar essa fase de maneira mais confortável, é preciso que os pais entendam os principais dramas vivenciados pelos jovens nesse período.

1 – Eles passam por intensas mudanças corporais

Como explica o 3º capítulo da revista Adolescer, a puberdade começa, em média, aos 12 anos nos meninos, e aos 11 nas meninas. O período é marcado pelo desenvolvimento da produção de hormônios, como testosterona e progesterona, o que implica questões como o aumento do impulso da agressividade nos meninos e o início do ciclo menstrual nas meninas.

A fase também é marcada pelo estirão, período caracterizado por um rápido crescimento corporal, ocorrido por volta dos 14 anos de idade nos meninos, e 12 nas meninas. Além disso, a puberdade ainda envolve outras alterações físicas, como mudanças no tom de voz, surgimento de pelos e acúmulo de gordura nos seios e quadris.

Todas essas características podem deixar o jovem desconfortável com o próprio corpo, ainda sem se acostumar com as mudanças. Como pontua o artigo Puberdade e suas mudanças corporais, “as mãos e os pés, seguidos pelos braços e pernas, têm seu estirão de crescimento anterior ao estirão do tronco e da altura, conferindo ao menino desproporcionalidade temporária, tornando-o ‘desajeitado’”.

Ainda segundo a publicação, “é comum para os dois sexos uma variabilidade individual dos fenômenos pubertários, tanto em relação ao seu momento inicial como em relação ao ritmo de sua progressão”. Assim, adolescentes da mesma idade podem apresentar um desenvolvimento corporal bem diferente, o que chega a gerar uma série de desconfianças com o próprio corpo do jovem ao se comparar com os colegas.

2 – Eles agem por impulso

Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), “agir por impulso é uma característica do córtex pré-frontal ainda imaturo, que confere aos jovens dificuldades de controle inibitório, de planejamento e tomada de decisão. Eles apresentam uma percepção alterada do tempo: hipervalorizam o momento presente, mostrando-se pouco tolerantes à espera e inábeis para fazer planos a médio ou longo prazo”.

Por conta dessa impulsividade, é esperado que os adolescentes prefiram atividades como sair com os amigos ou ficar no celular a obrigações, como fazer os deveres de casa e ir às aulas de inglês, o que pode gerar conflito com os pais. Como indica a publicação da Sociedade Brasileira de Urologia, o confrontamento direto com a imposição das responsabilidades pode não ser efetivo. É preciso ensiná-los a ser mais responsáveis e a medir as consequências de suas ações.

3 – Eles podem começar a ter suas próprias ideias

Na infância, os pais são as principais referências da criança. Após a entrada na escola e o desenvolvimento social dos jovens, ocorre o acesso a diferentes perspectivas, o que pode representar uma separação da total influência dos pais. Como explica Maria Cláudia de Oliveira, “separar-se, nesse nível, é poder pensar de modo diferente da família, rever suas visões de mundo, considerar outras opções de futuro. Tal separação simbólica é importante para dar ao adolescente os meios necessários para assumir as próprias posições, seus desejos e projetos, ainda que ultrapassem o que foi projetado originalmente pelos pais”.

Tais mudanças podem trazer intensos conflitos entre pais e filhos, principalmente pela ocorrência de divergências políticas e religiosas, ou até mesmo em relação ao futuro profissional e pessoal do jovem. Cabe aos pais entender o período e ajudar o adolescente a entender as próprias ideias e desenvolvê-las ao longo do tempo. Também é preciso lidar com as diferenças e compreender que é normal que os filhos pensem de forma diferente dos pais, e isso pode ser vantajoso para toda a família. O importante é incentivar o convívio harmonioso.

4 – Eles precisam muito dos amigos

A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) também cita que “os adolescentes dependem da identificação com os pares para se distanciarem dos próprios pais e, aos poucos, adquirirem autonomia. Transferem para essa relação parte da dependência afetiva que tinham com a família, sentindo-se melhor compreendidos e amparados pelos amigos, com quem compartilham interesses, estilos e práticas sociais, além de estarem enfrentando as mesmas dificuldades e inseguranças”.

A necessidade de pertencer a alguma “tribo” pode fazer o jovem mudar a cor do cabelo e o modo de se vestir. Os pais podem permitir que os filhos experimentem diferentes estilos e participem de diversas atividades até acharem suas preferências. Porém, é preciso orientá-los a não se desviarem das próprias concepções de vida pelos outros. Por mais que eles tenham a tendência de ouvir os amigos, “é necessário que o adolescente tenha pessoas de confiança com as quais possa contar em momentos de dúvida ou frustração, como cita o artigo da SBU, colocando os pais como principais responsáveis por serem essa base de apoio com que o adolescente sempre pode contar”.

5 – Eles querem ser independentes

A puberdade – e a adolescência no geral – é conhecida como um período de “rebeldia”. Como pontua a escritora argentina Arminda Aberastury, no livro Adolescência normal, “entrar no mundo dos adultos significa a perda definitiva da condição de criança”. Essa transição ocasiona um certo “deslumbramento” em que o jovem começa a querer aproveitar toda a liberdade recentemente percebida.

Aberastury ainda cita que “neste período, flutua entre uma dependência e uma independência extremas, e só a maturidade lhe permitirá, mais tarde, aceitar ser independente dentro de um limite de necessária dependência”. Por isso, é normal que os adolescentes queiram fazer um monte de coisas sozinhos, ao passo que ainda dependem muito dos pais para outras – principalmente questões financeiras. Cabe aos pais conciliar os interesses, ajudando os jovens a se valerem da própria liberdade ao mesmo tempo em que impõem limites importantes para o crescimento deles.

Em suma, a puberdade não é um momento difícil apenas para os jovens, mas também para os pais. Como explica Maria Cláudia de Oliveira, “na mesma fase do ciclo de vida familiar em que os filhos chegam à adolescência, os pais atingem a meia-idade, acumulam mais responsabilidades no trabalho e passam a ter várias exigências do grupo familiar”. Por isso, é importante que você reflita sobre o seu papel na vida do adolescente e pense na melhor maneira de educá-lo, ao mesmo tempo em que permite que ele manifeste e experimente características do período. Por mais que a puberdade seja complexa e cheia de conflitos, “ao contrário de ideias preconcebidas, é uma bela fase do crescimento e do desenvolvimento humano, que deve ser plenamente vivenciada”, afirma o caderno do Plano de Desenvolvimento da Escola do Paraná.