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Como fortalecer os vínculos com seu filho adolescente?

Como fortalecer os vínculos com seu filho adolescente?

A adolescência é um momento repleto de descobertas e novidades, e é considerada uma fase de vivências marcantes para os jovens. No entanto, na contramão dessa percepção, não é difícil encontrar famílias que questionam quando essa fase irá passar ou como dialogar com os filhos durante um período em que as relações ficam muito complicadas. Aqui, explicamos para você como a adolescência muda a percepção dos jovens sobre o mundo, e mencionamos formas de fortalecer os vínculos com o seu filho em um momento tão intenso. Acompanhe.

Adolescentes e o processo de amadurecimento

A Organização das Nações Unidas (ONU) define a adolescência como o período entre os 10 e os 19 anos de idade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 16% da população mundial é composta por adolescentes, o que representa um total de cerca de 1,2 bilhão de jovens.

Entretanto, apesar de estarem espalhados pelos quatro cantos do mundo, os adolescentes vivenciam essa fase de maneiras bem semelhantes. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos pontua que na adolescência as relações sociais mudam drasticamente. Os adolescentes vivem momentos de experimentação em paralelo a transformações intensas de ordem física, psicológica, hormonal e cognitiva.

Mudanças cognitivas e corporais

A neurocientista e autora do livro Teenage Brain, Frances Jensen, explica que o córtex frontal e o pré-frontal – regiões responsáveis pela habilidade de analisar as consequências e controlar impulsos – é a última área do cérebro a amadurecer, o que só acontece após os 20 anos. Por isso, uma das características fisiológicas mais expressivas durante a adolescência é o uso da amígdala, estrutura responsável pelas reações ao perigo e a outras emoções, para a tomada de decisões, o que resulta em respostas impulsivas e até mesmo agressivas aos estímulos do mundo externo.

Essa fase também é marcada pela chegada da puberdade. A John Hopkins School of Medicine explica que as mudanças corporais ocasionadas pela ação hormonal acontecem de maneira individual, e são diferentes de um adolescente para outro. Logo, meninos e meninas entre 8 e 14 anos vivenciam tais transformações de forma variada e em tempos diferentes, enquanto começam a experimentar sensações e sentimentos desconhecidos.

Novas dinâmicas para o relacionamento social

Além das mudanças físicas e cognitivas, os adolescentes vivenciam transformações em suas relações. Segundo o Stanford Children’s Health, a puberdade incita reorganizações nas dinâmicas familiares, sobretudo em decorrência da busca por maior autonomia e do distanciamento emocional natural dos adolescentes.

Durante essa fase, é natural que os jovens busquem a sua independência e se arrisquem a agir de acordo com seus próprios pensamentos e visões de mundo. Em paralelo, começam a reconhecer traços da sua personalidade e a procurar grupos sociais com os quais se identificam. No entanto, em meio ao turbilhão de mudanças, muitos também questionam a si mesmos – o que reflete na tendência à baixa autoestima, à insegurança e ao isolamento.

Relação entre pais e filhos

O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA afirma que o relacionamento próximo entre pais e filhos durante a adolescência proporciona uma melhora significativa na autoestima dos adolescentes, bem como maiores índices de felicidade e satisfação com a vida. A organização explica que, embora os conflitos sejam normais durante essa fase, os adolescentes ainda contam com seus familiares para fornecer apoio emocional e ajudá-los na compreensão de limites.

Não minimize os sentimentos do seu filho

A adolescência é um período conturbado e vivenciado de maneira intensa, e pequenos problemas podem ser o fim do mundo. Para os pais, os sentimentos exagerados soam como bobagem, mas é necessário perceber como os hormônios dos jovens estão à flor da pele. Por isso, não minimize os problemas do seu filho, já que essa atitude pode fazê-lo perder a confiança em você e não se sentir mais à vontade para compartilhar as suas experiências. Seja paciente, converse de maneira franca e evite impor o seu modo de lidar com a situação.

Conheça o grupo de amigos do seu filho e incentive-o a trazê-los em casa

Uma vida social ativa é saudável e benéfica para o desenvolvimento dos jovens. Durante a adolescência, é natural que o seu filho dê muito valor à opinião dos amigos e prefira passar uma boa parte do tempo na companhia deles. Assim, incentivá-lo a trazer os amigos em casa é importante e pode deixá-lo mais confortável – e também tranquilizar você sobre as pessoas com quem ele se relaciona. Estimular no seu filho o hábito de dizer onde está, com quem está e a que horas volta para casa também é importante, e cultivar essa atitude de forma natural pode manter você despreocupado durante os anos seguintes.

Compreenda o mundo do seu filho

Em seu livro All Joy and No Fun: The Paradox of Modern Parenthood, Jennifer Senior explica que a adolescência envolve subjetividade, já que é nesse momento que o jovem percebe que é um indivíduo único, e não a extensão da sua família. Então, não interprete de maneira errada o afastamento do seu filho. Dê espaço para que ele se aproxime de contextos e assuntos que reafirmam a sua personalidade e individualidade.

Conheça os interesses do seu filho

Aproveite o momento em que o seu filho está redescobrindo os seus interesses para conhecer novos assuntos, artistas, autores e hobbies com ele! Participar desse processo permitirá que você tenha a certeza de que ele está consumindo conteúdos adequados, e é muito mais eficiente do que tentar controlar ou proibir determinadas temáticas.

Explique o porquê dos limites

Na adolescência, não imponha limites ao seu filho sem explicá-los; converse e esclareça quais são os porquês de tal regra existir. É importante conscientizar o seu filho sobre as consequências que ultrapassar determinados limites pode causar, explicando como algumas situações não são apenas sobre decepcionar a família, mas também expô-lo a riscos reais. Lembre-se de que a autoridade é pautada no respeito, enquanto o autoritarismo envolve o medo. Logo, evite tangenciar determinadas situações e restrições para o lado negativo.

Valorize momentos juntos

Muitos pais escutam que determinadas atitudes são um “mico”, ou ficam chateados ao não saber o que o filho tanto faz na telinha. Que tal reverter a situação e passar mais momentos junto com seu filho? Essa atitude é fundamental para fortalecer os vínculos! Vocês podem visitar exposições de artistas de que vocês gostam, passear de bicicleta, experimentar novos restaurantes pela cidade, ir ao cinema ou mesmo jogar videogame juntos. Não precisa ser nada elaborado; basta fugir da rotina. Nesse momento de cumplicidade, você conhecerá mais sobre o seu filho e seus gostos, desejos e sonhos para o futuro.