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Escolas literárias no Brasil: do quinhentismo ao realismo

As escolas literárias, ou movimentos literários, são divisões didáticas da história da literatura, nas quais cada uma tem características e aspectos específicos de acordo com o momento histórico em que se apresentou. No Brasil, as escolas literárias podem ser divididas em duas eras: a colonial e a nacional. Para você entender um pouco mais sobre cada uma delas, acompanhe o post e veja abaixo a explicação que o COC preparou!

Quinhentismo (1500 – 1601)

Foi o primeiro movimento literário do Brasil. Tem esse nome pois considera-se que a primeira manifestação de literatura nacional começou nos anos de 1500, a partir da colonização portuguesa. Sendo assim, as obras produzidas em solo nacional estavam relacionadas aos colonizadores europeus e eram escritas por viajantes no período do Descobrimento do Brasil e das Grandes Navegações. Em sua maioria, esses textos eram crônicas de viagens e, devido ao uso significativo dos adjetivos, eram bem descritivos. Nessa época, os jesuítas também faziam a literatura de catequese, abordando conquistas materiais e espirituais dos fiéis.

Principais autores: Pero Vaz de Caminha registrou suas primeiras impressões das terras brasileiras na Carta ao Rei Dom Manoel, que se tornou o primeiro documento sobre a história do país. Além dele, se destacam o padre jesuíta José de Anchieta, o cronista português Pero de Magalhães Gândavo e padre Manuel da Nóbrega.

Classicismo (1527 – 1580)

O classicismo surgiu na Europa a partir do Renascimento, movimento cultural que ocorreu no final do contexto medieval e retomava valores clássicos racionais da Antiguidade. Era o momento em que nascia a Idade Moderna na Europa e, com ela, ganhavam força as ideias de racionalismo, antropocentrismo e de que o homem estaria no centro de tudo. As principais características desse movimento são:

  • a valorização da cultura greco-romana clássica e a mitologia pagã;
  • a influência do pensamento humanista;
  • perfeição estética e a procura por um ideal de beleza proveniente da Antiguidade Clássica.

Principais autores: Luiz Vaz de Camões, com seu poema Os Lusíadas, escrito em dez cantos, com 1102 estrofes, em cinco partes compostas em oitava-rima e versos decassílabos. Também destacam-se Dante Alighieri, Petrarca e Boccaccio. Apesar de o classicismo ter repercutido no Brasil, não temos autores dessa escola literária no país.

Barroco (1601 – 1768)

Esse movimento surge em um período de crise dos valores renascentistas e de um conflito entre fé e razão. O barroco é uma resposta da religião católica após os questionamentos feitos à Igreja pelas reformas protestantes, ou seja, é um movimento de contrarreforma. Além disso, o barroco reflete os dualismos do homem, como o desejo da salvação pela fé, mas o gosto pelos prazeres do mundo. Na literatura, o barroco destacou-se pelo uso de antíteses, paradoxos e inversões, e por abordar temas clássicos, como a religiosidade.

Principais autores: destacam-se os sermões do Padre Antônio Vieira e o poeta Gregório de Mattos, com seus poemas satíricos, líricos e eróticos. Gregório de Mattos também criticava abertamente a sociedade baiana com tom crítico e ácido, ganhando por isso o apelido de “Boca do Inferno”.

Arcadismo (1768 – 1836)

O arcadismo, também conhecido como neoclassicismo, é o movimento literário que surge no início da Revolução Industrial e se contrapõe ao desenvolvimento da indústria, das máquinas e das grandes cidades. Os poemas são escritos em forma de soneto, ou seja, dois quartetos e dois tercetos, geralmente com dez sílabas poéticas e ressaltando a atmosfera bucólica, idealizando o amor, a beleza estética e o carpe diem (“aproveite o dia”, em latim). Se opõe ao desequilíbrio e ao exagero do barroco, é mais idealizado, resgata os princípios da Antiguidade Clássica e busca conciliar o homem e os elementos da natureza. Nessa escola, também são honrados os ideais iluministas da Revolução Francesa, como o racionalismo.

Principais autores: António Dinis da Cruz e Silva, em Portugal. O Arcadismo chega ao Brasil por volta de 1769, com as obras do poeta Cláudio Manuel da Costa. Além dele, também tem-se Tomás Antônio Gonzaga.

Romantismo (1836 – 1881)

Na Europa, o romantismo surgiu no final do século 18, e no Brasil, começou apenas no século 19. Essa foi a primeira escola a deixar os valores clássicos, dos séculos 15 e 16, de lado. Foi um movimento com características burguesas, que não teve formalidades na poesia, com versos brancos e sem rima. No Brasil, o movimento foi dividido em três gerações:

Nacionalista (ou indianista): romances que retratam índios na natureza, de forma idealizada, e vistos como símbolos do homem livre e como crítica aos problemas nacionais. Podemos destacar os poetas Gonçalves Dias e Gonçalves de Magalhães.

Ultrarromântica (ou “mal do século”): uma geração com visão negativa do mundo e da sociedade. Nas obras ultrarromânticas, os escritores expressavam seu pessimismo; a sensação de não estarem adequados à realidade, já que viviam entre os estudos; obras literárias; ócio e casos amorosos. Sobre o amor, apresentavam uma visão que envolvia atração, medo, desejo e culpa. Nos poemas, a imagem feminina é retratada com traços de morte, evitando manifestações físicas do amor.

Condoreirismo: nessa geração, os poetas tratavam de temas sociais e eram comprometidos com a abolição da escravidão e o estabelecimento da república. Surgia, assim, a poesia social. Destaca-se o escritor Castro Alves, que se inspirou no francês Victor Hugo para escrever seus poemas sobre a escravidão.

Outros aspectos importantes e gerais do movimento, principalmente na prosa, são:

  • sentimentalismo intenso;
  • pessimismo;
  • amor platônico;
  • idealismo da mulher amada;
  • fuga da realidade;
  • egocentrismo;
  • nacionalismo.

Principais autores: o alemão Johann Wolfgang von Goethe é o autor que inaugura o movimento. Já em Portugal, o destaque vai para Almeida Garrett, e no Brasil, para José Alencar.

Realismo (1857 – 1922)

Surgiu na França no século 19, época do auge da Segunda Revolução Industrial e do crescimento do capitalismo. Era uma forma de responder ao intenso sentimentalismo do Romantismo e criticar a sociedade burguesa. Aqui, uma narrativa mais lenta está presente, acompanhando o tempo psicológico dos personagens. O uso de linguagem culta e direta, e de descrições objetivas, retratam as contradições sociais.

Principais autores: uma das principais obras do Realismo é Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machados de Assis. O autor Eça de Queiróz também é de grande importância para esse movimento literário.

Esses são os seis primeiros movimentos literários do país! Fique ligado no nosso blog para conferir o segundo post sobre as escolas literárias no Brasil: do naturalismo ao modernismo.