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O hífen: como e quando usar?

Um tracinho pequenininho, mas capaz de gerar muitas dúvidas! O hífen é um dos sinais gráficos da língua portuguesa, representado por um traço curto (-), e tem como função ligar os elementos que formam uma palavra composta, ou unir pronomes átonos a verbos. Desde 2009, ano em que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, entrou em vigor no Brasil, a necessidade ou não do uso do hífen começou a gerar confusões entre os brasileiros, sobretudo entre os estudantes. Mas para te ajudar a não errar mais, nós organizamos um guia para o uso do hífen, reunindo as principais regras. Acompanhe.

Substantivos compostos

Segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, o hífen é utilizado na formação de substantivos compostos por justaposição e que não possuem elementos de ligação, ou seja, seus elementos formam uma unidade com significado próprio.

Exemplos: arco-íris, matéria-prima, guarda-chuva, segunda-feira, decreto-lei, mesa-redonda, tio-avó.

Substantivos compostos: casos específicos

O hífen também está presente em outros substantivos compostos, mas em casos específicos. Vamos vê-los?

I. Topônimos iniciados por grão, grã ou verbos

No caso de topônimos compostos, ou seja, em nomes próprios de lugares, o hífen deve ser utilizado quando a palavra for iniciada pelos prefixos grã- e grão-, ou por um verbo.

Exemplos: Grã-Bretanha, Grão-Pará, Passa-Quatro, Quebra-Costas.

II. Nomes de espécies botânicas e zoológicas

Deve-se utilizar o hífen em nomes de espécies de origem animal ou vegetal, independentemente de existirem ou não elementos de ligação.

Exemplos: bem-te-vi, erva-doce, capim-açu, pimenta-do-reino.

A exceção é quando tais nomes são empregados fora de seu contexto original, como “bico de papagaio”, por exemplo, expressão que pode ser utilizada para se referir a uma deformação na coluna vertebral.

III. Palavras com advérbio mal

Palavras formadas pelo advérbio mal seguido de uma vogal ou das letras h ou l, devem ser hifenizadas.

Exemplos: mal-estar, mal-humorado, mal-limpo.

IV. Palavras com além, aquém, recém e sem

Já as palavras formadas por além, aquém, recém e sem devem ser hifenizadas sempre.

Exemplos: além-mar, aquém-fronteiras, recém-casados, sem-vergonha.

V. Palavras iguais ou quase iguais

Quando uma palavra é formada por dois adjetivos, dois verbos ou dois elementos repetidos, deve-se utilizar o hífen para ligá-las.

Exemplos: corre-corre, esconde-esconde, tique-taque, zigue-zague, blá-blá-blá, técnico-científico.

Derivação prefixal

O Acordo Ortográfico também esclarece o caso das palavras formadas por derivação prefixal. Segundo o texto, são hifenizadas as palavras cujo prefixo termina com a mesma letra com que começa a segunda palavra.

Exemplos: micro-organismo, micro-ondas, contra-ataque, anti-inflamatório, sobre-exaltar, extra-alcance, inter-regional, auto-observação.

Além disso, o hífen também deve ser utilizado quando a segunda palavra começa com a letra h.

Exemplos: micro-história, extra-humano, contra-habitual, sobre-humano.

Em todas as outras situações, o prefixo sempre deve ser escrito junto à segunda palavra, como acontece com sobrenome, microbiologista, extrajudicial e contraproposta, por exemplo. Nesse caso, a única regra que você deve ter em mente é que caso o prefixo termine com uma vogal e a segunda palavra seja iniciada com as consoantes r ou s, essas letras devem ser dobradas.

Exemplos: microrregião, antissocial, antirrugas, contrassenso.

Derivação prefixal: casos específicos

Em casos específicos, o hífen também será utilizado em outras palavras com derivação prefixal. Entenda:

I. Em palavras com o prefixo sob- ou sub-

Utiliza-se hífen apenas quando a segunda palavra começa com a letra r.

Exemplos: sub-região, sub-reino, sub-ramo, sub-roda.

II. Em palavras com os prefixos pré-, pós- e pró-

O hífen será utilizado apenas quando os prefixos são tônicos e autônomos em relação à segunda palavra.

Exemplos: pós-graduação, pré-vestibular, pró-ativo.

É importante lembrar que quando esses prefixos forem átonos e não autônomos em relação a segunda palavra, não se deve usar o hífen, como acontece em propor, prever, predeterminar e reescrever.

III. Em palavras com os prefixos hiper-, inter- e super-

Deve-se utilizar o hífen quando a palavra após os prefixos hiper-, inter- e super- forem iniciadas pelas letras h ou r.

Exemplos: hiper-raivoso, inter-humano, super-resistente, super-herói.

IV. Em palavras com os prefixos circum- e pan-

O hífen deverá ser empregado quando a segunda palavra começar com as letras m, n, h ou vogal.

Exemplos: circum-murado, circum-ambiência, pan-americano, pan-nacionalismo.

V. Em palavras com os prefixos ex- e vice-

As palavras formadas com os prefixos ex- e vice- sempre levam hífen.

Exemplos: ex-namorado, ex-diretor, vice-presidente, vice-rei.

VI. Em palavras com prefixo co- 

Não se deve utilizar hífen em palavras que levam o prefixo co-. Nesse caso, o prefixo precisa ser unido à segunda palavra, mesmo que ela seja iniciada pelas letras o e h. É importante notar que, no caso da letra h, ela deve ser cortada.

Exemplos: coautor, cofundador, coerdeiro.

Outro ponto significativo deste caso é que quando a segunda palavra começa com as letras r ou s, essas letras devem ser dobradas.

Exemplos: corresponsável, cosseno.

Locuções

O Acordo Ortográfico atual estabelece que o hífen não deve ser empregado em locuções, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais. Dessa maneira, palavras como fim de semana, dia a dia, café com leite, tomara que caia, à toa e cão de guarda devem ser grafadas sem o hífen.

As exceções são as locuções que foram consagradas pelo seu uso e possuem significado próprio. Entre elas, estão cor-de-rosa, arco-da-velha, pé-de-meia, ao deus-dará, à queima-roupa e água-de-colônia.

Colocações pronominais

Na língua portuguesa, o hífen deve ser utilizado para ligar pronomes pessoais oblíquos átonos aos verbos, o que origina a mesóclise e a ênclise. Também deve ser usado para ligar tais pronomes à palavra “eis”.

Exemplos: deixa-o, ofereci-lhe, amo-lhe, orgulhar-me-ei, chamar-se-á, ei-lo.

Divisão silábica e translineação

O hífen é utilizado quando desejamos dividir as sílabas de uma palavra.

Exemplo: ro-sa, ca-chor-ro, me-xi-ca-no, ca-ri-nho, en-gra-ça-do.

Ainda, ele deve estar presente nos momentos em que uma linha acaba e as demais sílabas de uma palavra devem ir para a linha abaixo. Vale lembrar que, caso o hífen coincida com o final da primeira linha, ele deverá ser repetido também na segunda linha.

Exemplos:

Abriu o guarda-

-roupas.

Vou preparar o almo-

ço.

Encadeamentos vocabulares

Por fim, o hífen deverá ser utilizado quando duas palavras se juntam e formam um encadeamento vocabular com significado particular.

Exemplos: Ponte aérea Rio-São Paulo, Rodovia Campinas-Mogi-Mirim, relação professor-aluno, austro-húngaro.

E aí, anotou todos os usos do hífen? Lembre-se de praticar bastante e memorizar as principais regras para não errar, OK? Em caso de dúvidas, não deixe de consultar a grafia correta de uma palavra em um bom dicionário da língua portuguesa, ou então dê uma olhadinha em Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Lá, você confere não só as regras de hifenização atualizadas, mas também todas as outras mudanças que aconteceram no idioma.