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Primeiros pensadores da ciência social: Weber

Max Weber é considerado um dos pais da sociologia moderna. Nascido em 21 de abril de 1864, em Erfurt, na Alemanha, teve criação protestante e seu pai foi jurista e político. Assim como outros cientistas sociais alemães, ele sabia que era necessário compreender as ações sociais. Quer conhecer mais sobre Weber? Acompanhe o segundo post da série sobre os primeiros pensadores da ciência social!

Vida e obra

Weber cursou direito na Universidade de Heidelberg, em 1882, mas interrompeu os estudos para prestar um ano de serviço militar. Em 1884 voltou a estudar em Berlim e formou-se em 1888. Sua tese, em 1891, abordou a história das instituições agrárias. A partir daí, lecionou em diversas universidades da Alemanha e dedicou-se ao trabalho acadêmico. Porém, um dos marcos da sua formação intelectual foi a viagem aos Estados Unidos, em 1905.

As obras de destaque de Max Weber são: A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905), Economia e sociedade (1922) e Ciência e política: duas vocações. O pensador acreditava que o conhecimento tinha origem na experiência, mas também que era segmentado e abordava apenas um dos aspectos do que chamamos de realidade. Além disso, dizia que não era possível estudar ou comprovar as ciências humanas como se faz com a física ou a matemática, que mostram uma relação de causa e efeito entre os objetos de estudo. Para Weber, o verbo para os sociólogos não seria “entender” ou “estabelecer” uma relação de causa e efeito, mas “compreender” a realidade e a sociedade.

Ação social

Weber analisava a realidade social por meio de uma visão da história e do conceito de “ação social”, objeto de estudo da sociologia weberiana. Nela, para o sociólogo, toda ação social:

– Depende da conduta das pessoas relacionadas ao sentido, com uma justificativa subjetiva;

– É uma ação intencional, um comportamento planejado e consentido;

– Apresenta sentidos que têm relações com os outros, ou seja, as pessoas se ajustam de situação para situação e atua-se pensando nos outros;

– Acontece quando todos se comportam de acordo com o que se faz, como usar roupas adequadas para cada situação.

Portanto, a ação social é a conduta humana, pública ou não, que pode ser dividida desta forma:

Ação tradicional: que existe e não é contestada, como o poder de um pai sobre um filho.

Ação afetiva: todas aquelas motivadas pela emoção, e não pela razão.

Ação racional: pensar e planejar o comportamento de acordo com as outras pessoas. Pode acontecer relacionada aos valores ou aos fins. Segundo Weber, na sociedade capitalista moderna, o racional é predominante com relação aos fins. Esse tipo de pensamento cria autoridade e dominação na sociedade, chamada de “dominação racional legal”, que tem como meta o planejamento voltado aos objetivos.

Fato social

Para Weber, a racionalização do mundo contemporâneo também está presente na esfera do Estado, com alto grau de ação racional na burocratização. Além disso, ele não via contradição entre indivíduos e sociedade, pois apenas o sentido ou significado de um fato social poderia ser conhecido ou compreendido. É o significado desse fato que estabelecerá uma relação social, quando uma ação de um indivíduo é correspondida por outro.

O sociólogo considerava que a realidade social não é a única e, ao contrário de Durkheim e dos positivistas em geral, não seria possível estabelecer uma sociologia que contenha as leis gerais da sociedade. Mesmo que existam relações, como economia de mercado nas sociedades capitalistas, cada sociedade é particular e, para compreendê-las, temos que entender aquilo que possui valor para seus integrantes, que é a cultura.

Tipo ideal

Como método de investigação para estudar uma sociedade, Max Weber recomendava o uso do conceito de “tipo ideal”, um conceito-limite ideal estabelecido pelo sociólogo, em que ele pode medir a realidade através de comparações, visando esclarecer o conteúdo presente em seu objeto de estudo. O conceito de tipo ideal foi usado no capitalismo, quando Weber estabeleceu que os países de religião protestante eram mais adiantados que os católicos, já que valorizavam o trabalho e a parcimônia, elementos básicos do capitalismo, e o catolicismo preferia o ócio e o desapego material.

Max Weber também procura mostrar que, sem a Reforma Protestante, em especial o movimento conhecido como Calvinismo, o avanço do capitalismo não aconteceria, já que essa reforma foi uma das bases para a criação e a formação da sociedade industrial e capitalista, quando a ideia de lucro foi aceita.

Durante a primeira Guerra Mundial (1914-1918), Weber foi convocado, tornou-se capitão do exército alemão e administrou diversos hospitais. Em 1918, mudou-se para Viena e, no ano seguinte, foi um dos redatores da Constituição da República de Weimar e assessor da delegação alemã durante as negociações de paz em Versalhes, conquistando importância política. Faleceu em 14 de junho e 1920, em Munique, na Alemanha. Porém, mesmo após sua morte, as obras de Weber e as suas ideias ainda são objetos de discussão e importantes debates!